Magda Soares é a primeira educadora a receber o prêmio Almirante Álvaro Alberto

O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI) entregou, nesta terça-feira (5), a mais importante honraria nacional do setor de ciência e tecnologia à professora e pesquisadora de educação Magda Becker Soares, graduada em letras Neolatinas e doutora em Didática pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O Prêmio Almirante Álvaro Alberto para a Ciência e Tecnologia é concedido anualmente a um pesquisador que tenha se destacado pela realização de obra científica ou tecnológica de grande valor para o progresso da sua área do conhecimento.

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Magda Soares

A professora recebeu um diploma, uma medalha e R$ 200 mil, valor concedido pela Fundação Conrado Wessel (FCW). A Marinha do Brasil levará Magda Soares a uma viagem em Navio de Assistência Hospitalar, na Amazônia. Quarenta e quatro pesquisadores já foram laureados com o Prêmio Almirante Álvaro Alberto. Magda é a terceira mulher a receber a honraria, sendo a nona pesquisadora premiada em Ciências Humanas e Sociais e a primeira representante da área de educação.

"Orgulho-me em ampliar o reconhecimento das mulheres no mundo da CT&I e de ser a primeira da área de educação, setor em que temos inúmeros pesquisadores de imenso valor", agradeceu a professora. Em 1977, a vencedora do prêmio foi a cientista social Maria Isaura Pereira Queiroz, e a economista Maria da Conceição de Almeida Tavares foi agraciada em 2011. "Sinto o prêmio como reconhecimento da importância da educação nesse País, mais especificamente da área em que trabalho, que é a da alfabetização, do letramento e, sobretudo, da escola pública e da educação pública brasileira."

O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo, participou da sessão solene. "A escolha da professora Magda Becker Soares reforça o conceito da amplitude do Prêmio Almirante Álvaro Alberto, que reconhece e prestigia todos os ramos da ciência, o esforço do pesquisador e a importância da pesquisa desenvolvida por ele", disse o ministro que ainda fez um balanço do papel a educação, ciência e tecnologia para a redução das desigualdades.

Para Magda Soares, o prêmio representa a união entre a educação e ciência e tecnologia (C&T). "São áreas fundamentais para que o Brasil tenha o futuro que merece", disse a vencedora, que é reconhecida no meio acadêmico como uma das principais difusoras dos debates sobre alfabetização e letramento do País e esteve envolvida na gestão e criação de políticas públicas de investimento em educação, como o Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE).

Ela destacou que o papel das pesquisas é "buscar as respostas para os problemas que o mundo está colocando". Ela citou como exemplo o caso de estudantes que obtiveram nota zero nas redações do o Exame Nacional do Ensino Médio. "Não cabe aos pesquisadores detestar a falta de preparo de alunos e até de alguns educadores. Dedico-me a propiciar instrumentos para a equidade educacional, o domínio da língua e a qualidade do ensino, principalmente na rede pública."

Para o presidente do CNPq, Hernán Chaimovic, a professora é um exemplo da lição deixada pelo Almirante Álvaro Alberto. "A ciência que estuda a realidade tem o dever de aceitar os fatos e compreendê-los para agir em busca de mudanças. Magda Becker Soares é um exemplo a ser admirado e estendido", afirmou.

A professora é uma das fundadoras do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita da Faculdade de Educação da UFMG e autora de diversas publicações, inclusive livros didáticos de língua portuguesa. É membro da ANPEd - Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação, da International Literacy Association e atuou nos comitês assessores do CNPq e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC).

Durante a cerimônia, o CNPq também destacou os trabalhos dos pesquisadores Alberto Luis Galvão Coimbra, Antonio Sesso, Delia Rodriguez, Francisco Gorgonio da Nóbrega, Isaac Roitman, Mauricio Matos Peixoto, Otávio Guilherme Cardoso Alves Velho e Ruy Laurenti. Eles serão agraciados com o título Pesquisador Emérito. O órgão vinculado ao MCTI também entregou a Menção Especial de Agradecimento ao Centro de Pesquisa e Inovação Sueco Brasileiro (Cisb), Fundação Bill & Melinda Gates, Fundo Newton e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas.

O título Pesquisador Emérito é concedido ao cientista brasileiro ou estrangeiro, radicado no Brasil há pelo menos dez anos, pelo conjunto de sua obra científico-tecnológica e por seu renome junto à comunidade científica. Já a Menção Especial de Agradecimento é entregue às instituições parceiras do CNPq que contribuíram para os serviços prestados ao crescimento, desenvolvimento, aprimoramento e divulgação do CNPq.

Também participaram da cerimônia, o ministro da Educação, Janine Ribeiro; o comandante da Marinha do Brasil, almirante de Esquadra Eduardo Bacellar Leal Ferreira; os presidentes da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep/MCTI), Luis Manuel Rebelo Fernandes, e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI), Hernán Chaimovich; o governador do Estado do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão; o diretor da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), Augusto Raupp; o diretor da FCW, Américo Fialdini Júnior; a presidenta da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader; e o presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Jacob Palis.

Sobre o prêmio

Criado em 1981, o Prêmio Nacional de Ciência e Tecnologia, como era conhecido à época, foi instituído durante a solenidade comemorativa dos 30 anos do CNPq, por meio de Decreto Presidencial. A partir de 1986, a iniciativa passou a ser denominada Prêmio Almirante Álvaro Alberto para a Ciência e Tecnologia, em homenagem ao primeiro presidente do CNPq, Álvaro Alberto da Motta e Silva. Está é a 27ª edição do prêmio, que já agraciou 44 pesquisadores.

O Prêmio Almirante Álvaro Alberto é concedido anualmente, em sistema de rodízio, a uma das três grandes áreas do conhecimento: Ciências Exatas, da Terra e Engenharias; Ciências Humanas e Sociais, Letras e Artes; e Ciências da Vida.

Idealizador e primeiro presidente do CNPq, Álvaro Alberto defendeu que o desenvolvimento científico e tecnológico estava intimamente ligado à prosperidade do País e dedicou-se à criação de órgãos de fomento e de apoio à pesquisa. Ele é um dos responsáveis pela criação do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) e do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict/MCTI).

Fonte: CNPq / MCTI