Programa Scielo e revisão de políticas para perspectiva de acessibilidade

Motivados por constantes solicitações de usuários com e sem deficiência, o Programa SciELO vem discutindo, sob a perspectiva da acessibilidade, possíveis caminhos para a revisão das políticas e práticas de publicação e acesso dos produtos e serviços associados aos periódicos e artigos. A iniciativa acontece em cooperação com o Grupo de Pesquisa Identidades, Deficiências, Educação & Acessibilidade da Universidade Federal de São Carlos (GP-IDEA/UFSCar), coodenado por Leonardo Cabral, integrante do GT 15 da ANPEd.

Segundo publicação do blog Scielo em Perspectiva, o aperfeiçoamento da acessibilidade como uma característica chave do Modelo SciELO de Publicação irá demandar a participação proativa dos editores dos periódicos devido aos ajustes gradativos nas normas de submissão, nas estruturas e no conteúdo dos artigos.

Para além de publicar trimestralmente os encaminhamentos do Grupo de Trabalho Interdisciplinar para a Acessibilidade SciELO (GTI-Acessibilidade SciELO), enquanto responsabilidade coletiva, em breve, o blog SciELO em Perspectiva irá divulgar um canal de comunicação para diálogos sobre a temática.

Mais informações

Como parte do alinhamento com as práticas de comunicação de pesquisa da ciência aberta, o Programa SciELO deu início a um planejamento de trabalho interdisciplinar voltado à promoção da acessibilidade aos produtos e serviços web da Rede SciELO.

Essa é uma preocupação antiga do Programa SciELO. Desde a segunda metade da década de 1990, dedicamo-nos à democratização do acesso à produção científica comunicada por meio de periódicos publicados nacionalmente.

Contudo, ao longo dessa trajetória, as pessoas com deficiências física, visual, auditiva, intelectual, surdocegueira ou múltipla, que apresentam ou não Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), têm ingressado com mais ênfase nas últimas décadas as comunidades acadêmico-científicas e relatado significativas dificuldades de acesso às suas produções.

Dentre outros aspectos, nossos usuários com deficiências e/ou idosos, têm indicado algumas inadequações tecnológicas nas configurações de leiaute dos sites, das coleções e dos periódicos da rede e dos campos de busca em: suas disposições, formatos de arquivo (figuras, gráficos, tabelas), tipos e tamanho das fontes e, até mesmo, nas estruturas dos textos acadêmico-científicos.

Esse cenário nos alerta para o fato em que promover ciência aberta e acesso aberto não é, necessariamente, sinônimo de acessibilidade. Se não nos atentarmos a isso, e superarmos as barreiras atitudinais, tecnológicas, comunicacionais e programáticas, acabaremos por legitimar quotidianamente a violação dos direitos individuais dos cidadãos das diversas sociedades a acessarem o que tem sido desenvolvido pelas comunidades científicas.

É imperativo, portanto, que dialoguemos com os preceitos da Convenção Internacional sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência (UNESCO, 2006), o Tratado de Marrakesh (2013), a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável (ONU, 2015) e os parâmetros determinados pela Web Accessibility Initiative (WAI/W3C). O desenvolvimento teórico-científico e tecnológico relacionado à acessibilidade das informações em ambientes virtuais ganharia, então, mais ênfase nos dias atuais pelas comunidades acadêmicas e político-sociais.